quarta-feira, 4 de abril de 2012

Inocência

A alegria das crianças é dolorosa
Como as crianças riem, santo Deus!
Com que que inconsciência,
Com que inocência,
Sentem permanente o momento alegre!
E nós sabendo que amanhã vai chover,
Sabendo que amanhã o jardim estará fechado,
Nós sabendo que amanhã alguém vai morrer,
Ou pior ainda, vai viver desesperado.
Mas as crianças riem com a certeza
Que fará sol e será possível brincar
E que estarão no jardim, outra vez, amanhã!
E riem com a boca toda aberta,
E na sua alegria cabe o mundo todo
E cabem todos os tempos
E cabe toda a gente.
As gargalhadas cristalinas,
Os olhos redondos de alegria,
Os gestos soltos e abrangentes...
Doem-me fundo, fundo, magoam,
Como se aquilo que a vida me ensinou,
Fosse uma traição à sua existência.