Durante a infância
O mundo era infinito
e havia esperança
Durante a adolescência
O mundo era enorme
e havia veemência
Durante a juventude
O mundo era grande
e havia de tudo
Durante a idade adulta
O mundo existe apenas
embora já com multa
Durante a velhice porém
o mundo já não existe
e pesa-se sempre a alguém
Ah! O intenso desespero
de já não querer viver
e estar são como um pero!
Pode levar à demência,
este visto permanente
na total impotência
A tristeza essencial
d'uma vida resistente
é que resiste, afinal.
sexta-feira, 17 de abril de 2009
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Finalmente
O rapaz chorava, infelicíssimo.
O seu desgosto era profundo e completo, portanto desesperado. Estava - fisicamente! - incapaz de reconhecer que não é possível manter aquele estado de exaltação eternamente - era jovem e não sabia que as exaltações nunca duram muito tempo. Portanto, estava extremamente infeliz por toda a eternidade, que era a duração do presente.
Toda aquela miséria e desespero eram estranhamente doces; a sua juventude inocente também desconhecia que o sofrimento pode viciar, tal com a excitação, o amor ou mais buriladamente, a heroína.
Levantou-se e com a mão, limpou as lágrimas. Ah! A vida não merecia a pena de ser vivida!
Pegou na caçadeira, entrou pelo colégio adentro e matou tudo quanto viu mexer: não sofreriam como ele, não! Era demasiado doloroso, crianças tão inocentes e frágeis não mereciam tal desespero.
Quando já tinha acabado com todo o sofrimento potencial, apontou a arma para si próprio e premiu o gatilho, matando o sofrimento actual.
Descansou da dor. Finalmente.
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